Mantenho com a escrita uma relação de profunda negligência.Escrever é uma forma de abandono que não pertence à realidade, nem tem valor perante o caso da existência. A narrativa provoca um rasgão entre o meu corpo e o corpo da escrita. Quero unir a memória mas há nela uma negação insuportável, uma impossibilidade potencial.
Escrever contra a escrita não favorece a sua desistência, apenas absorve o eu ou ela que vive sob a pele da linguagem e me leva ao estilo. O estilo, experimenta as preferências do nosso desejo.
(in Repetir o Poema, Isabel De Sá,Quasi Edições,2005)